Quadros na sala


Arte: Marcela Vieira
Um mesmo assunto está em pauta durante dias. O assunto é comigo mesma e o silêncio se tornou meu melhor amigo. A introspecção foi uma escolha. 

Me pego refletindo, mas mal consigo me expressar. Ultimamente prefiro ouvir a falar. Talvez assim aprenda um pouco mais sobre a vida. Está tudo uma bagunça e meus pensamentos andam perdidos. Achei uma parte deles no meio da reforma.

A fase em que marcamos um fim e um recomeço não é fácil. Aliás, qual mudança que é? Sair do conforto traz confronto. Confronto com você mesmo, com o mundo e com tudo o que um dia te falaram sobre estabilidade. Eu procurei em algum momento me encaixar no padrão e ser o quadro que orna com o restante das obras expostas na sala, mas desde cedo já fui avisada que não sou como os que estão expostos. 

Em um determinado momento acreditei que ser a pintura estranha não era algo bom. Eu estava estragando a exposição. Era nisso que me faziam acreditar. Hoje eu refiz a avaliação desse quadro e no relatório escrevi que ele não é estranho, mas é o que dá o toque especial, ele não destoa dos outros quadros, mas faz uma conexão extraordinária. Ele deixou de ser um quadro pobre de vida e sem valor para se tornar um quadro precioso.

Querer ser como todos não me acrescentou muita coisa, mas buscar ser eu mesma me fez enxergar o quanto ainda me espera. Ninguém é tão velho ou tão novo que não possa pintar um quadro diferente.


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